quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Francês de olhos puxados
Nessa temporada de busca por compensações, acabei sendo levado por duas amigas a um restaurante super charmoso, lá na Vila Madalena, o Les Delices de Maya. Segundo elas, eu precisava conhecer o tal lugar e experimentar uma massa super especial preparada pela Maya, chef e dona daquele cantinho charmoso. Como se trata de um prato que ela prepara quando dá na telha, pelo que pude entender, acabamos dando sorte em chegar lá e ser o dia do macarrão cozido em algas com gengibre e farofa de gergelim. Estranho e delicioso, na mesma proporção. A versão original vem acompanhada de camarões, mas pedi que a chef fizesse uma versão vegetariana pra mim. A adaptação foi digna de sucesso de bilheteria.
Quando o prato chegou, vivi o que há anos não acontecia: experimentar algo novo, tão longe das suas referências, que você mal sabe como reagir. É quase como uma criança descobrindo o mundo e tendo espasmos de admiração. As garfadas vieram acompanhadas de felicidade e resmungos de prazer. No final do prato, fui obrigado a jogar fora minha elegância e pedir que me servisse mais uma porção.
Além do prato delicioso, fomos atendidos de maneira especial e carinhosa, com direito a dicas de livros e histórias de vida.
Finalizamos o almoço com uma rodada de sobremesas: cheesecake com calda de frutas vermelhas pra mim, pudim de leite pra Ci e bolo de chocolate sem farinha pra Andrea. Claro, as sobremesas passaram pela boca de todos, pois é inaceitável enfrentar tantos sabores maravilhosos sem compartilhar com quem divide a mesa com você. Ainda mais quando falamos de doces!
Esse cantinho merece ser descoberto. Vá até a Morato Coelho, 1044. Além de ter uma refeição incrível, aproveite para levar as caldas e molhos especiais para salada que a chef Maya Midori prepara. Eu levei um molho de framboesas com azeite e balsâmico que quase transcendeu minha relação com as folhas verdes.
Andrea e Ci, muito obrigado pela descoberta!
Nessa aventura, descobri John Fante.
Ouça "Crazy", na versão da Norah Jones depois de ler essa postagem.
A imagem daqui é uma composição que fiz a partir de uma foto que achei na internet. Não sei pra quem dar os créditos.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Sobrevivendo com uma mão
A queda, além de muita dor, me rendeu uma batida na bacia, ferimento no tornozelo e uma fratura na mão esquerda. Além de cuspir no piso de casa, de tanta dor que senti nesse tombo de costas limpas no chão, pude comprovar duas grandes coisas: é fácil se dar mal e tenho mais sorte que juízo.
Na volta do hospital, tomado pela fome devastadora, iniciei a odisséia de uma vida maneta. Se adaptar à tarefas simples é mais complicado do que eu imaginava. Um ossinho chamado escafóide conseguiu transformar minha vida num relato de gafes e incapacidades.
Digitar essa postagem, comer (arroz é medalha de ouro no drama da alimentação), tomar banho, limpar a bunda, escovar os dentes, amarrar os cadarços e outras tarefas ordinárias se tornaram um verdadeiro caso de superação pessoal.
Numa virada brusca, comecei a ver o quanto pequenas coisas que não damos valor ou sequer sabemos que existem em nosso corpo, podem tornar a vida bastante difícil. Isso me fez despertar grato dia após dia, pelo corpo perfeito que tenho (em funcionamento, gente, que fiquer claro, pois a consciência das pernas finas e do nariz avantajado ainda habita esse ser) e pela oportunidade que tive de não me meter numa encrenca maior. Nesse período de, mais ou menos, dois meses de gesso, me afastei das operações culinárias, mas ganhei vários convites de jantares, com direito a vinho e carona. Além de bancar o convidado, me tornei um palpiteiro de mão cheia (aguardem a leva de trocadilhos infames como esse!) e acabei abrindo alas à novas e deliciosas experiências.
Abaixo, o registro fotográfico da paródia de mim mesmo.
Desenvolver novas técnicas para as velhas tarefas é uma maneira digna de não enlouquecer. Palmas, só na versão surdo-mudo ou batendo no peito. Imagine todo o resto!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Sem comentários
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Sal pra toda obra
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Pode ir no Oscar Café
De tempos em tempos, a Vavá, uma amiga queridíssima, vem do Sul para resolver situações da vida aqui em São Paulo. Nessas movimentações, acabamos sempre nos encontrando e tendo a comida e as boas conversas como conectores dessa relação.
Como a vida é especialista em coincidências, a última vinda dela se intersectou com a visita do meu grande amigo Rike e com a disponibilidade da noite da Vane, a marida vegana. Rike e Vane são amigos de infância e eu sou um amigo que caiu de pára-quedas nessa dupla aos 15 anos de idade. Em resumo, tem muita história pra contar. O osso da noite foi juntar esse povo na mesma mesa para jantar.
Liguei para uma série de lugares e não tive muito sucesso ao desbravar os cardápios em busca de comida sem ingredientes de origem animal (premissa para ter a Vane em nossa mesa), até ligar para o Oscar Café, na Oscar Freire, 727. Fui super bem atendido e ficamos tranquilos com a flexibilidade e compreensão do lugar. Além da simpatia da atendente, tivemos a abertura total do chef em adaptar qualquer receita do menu. Sensibilidade é tudo.
Tivemos uma noite agradabilíssima, regada à fetuccinis de cogumelos para mim e o Rike, sopa de tomates com pesto de rúcula para a Vane e salmão com cuscuz marroquino para a Vavá. Pra beber: água tônica diet com gelo e limão, suco de tangerina, cerveja e suco de maçã, pêra e gengibre. Uma noite e tanto.
Dê um pulo no Oscar Café. Além de ser um lugar super charmoso, com pratos bem executados, tem uma loja no subsolo com uma série de objetos de decoração e livros. Devo confessar que o subsolo não é o foco de minha atenção, mas o restaurante é um canto a ser descoberto. Vá.
Vale a pena levar os amigos pra um papo.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Dois meses sem carne
terça-feira, 23 de junho de 2009
Sanduíche sem nome
terça-feira, 2 de junho de 2009
Nem tudo são flores na cozinha
Final de semana produtivo. Primeiro passo de uma caminhada idealizada há meses. Tudo programado para o primeiro ensaio fotográfico de um projeto pessoal no centro de São Paulo. Fotógrafo, maquiadoras, produtora, segurança... uma turminha pra ser alimentada. Essa história de projeto pessoal acaba te colocando no centro da função. Nessas, decidi fazer um lanchinho vegetariano praquele povo: legumes assados no forno com pão integral de cereais.
Preparei tudo, com a ajuda indispensável da Vanessa, protagonista de várias situações na minha vida. Estávamos muito entusiasmados com a apresentação dos Monges de Shaolin que aconteceria logo mais no Via Funchal.
_ Douglas, como tão os legumes?
_ Tão quase... deixamos mais um pouco e desligamos antes de sair.
Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Alerta vermelho!
Saímos tão excitados para a apresentação de kung fu que esquecemos todo o assado nas chamadas do bom e velho guerreiro de quatro bocas. A sugestão mais bem intencionada virou um monte de carvão no ventre do forno. Chegamos e o hall do andar estava tomado pelo cheiro de cebolas queimadas. Entramos correndo e vimos a grande merda que poderia ter resultado essa falta de atenção agravada por entusiasmo cego.
Minha criação católica caiu como toneladas em meus ombros ao ter que jogar um monte de comida fora. Ficou o aprendizado, o talento da Vanessa expresso nessa “obra” acarvoada e sua solidariedade em refazer o assado enquanto eu encarava a cama pra acordar às 3h30 da matina. No fim, me restou agradecer. De carvão ficaram apenas os legumes e os sanduíches da produção viraram sucesso de bilheteria.
Esse "manifesto artístico" ilustra o título e faz homenagem subjetiva à Baudelaire. Sim, as flores do mal!
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Dia bom
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Traços de loucura
domingo, 3 de maio de 2009
Compotas de lamber os beiços
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Pão de Açúcar fazendo feio
sábado, 21 de março de 2009
Timm no E.A.T.
Segunda de manhã, recebi um amigo escritor e redator da minha agência, André Timm, que me estimulou a dar um pé na bunda da rotina. Nessa de não deixar a vida passar, decidimos jantar em um lugar inédito para ambos. Sem grandes pretensões e na expectativa de aproveitar a promoção citada na internet, entramos no site e fizemos o primeiro filtro na busca de um restaurante de cozinha mediterrânea. Sem muito saco, acabamos optando pelo E.A.T. (detestei os pontos entre as letras), que promete uma “casual food”. Seja lá o que isso possa significar, decidimos encarar a bronca.
Chegamos em um ambiente contemporâneo e que ganhou nossa simpatia na hora. Pé direito alto, luz na medida certa, sem aperto de gente louca e sem noção. Gostamos.
Timm decidiu se encaixar no pacote da semana dos restaurantes e eu decidi fazer uma extravagância pra compensar dias sofridos de tropeços da vida. De entrada, ele encarou um carpaccio de abobrinha com amêndoas e, eu, polvo marinado no azeite com molho à base de limão, vinho branco, ceboulete, salsa, dill, mostarda de dijon e mais alguns ingredientes que o Chef Fernando Costa não se atreveu a revelar. Azar o nosso, pois foi a melhor pedida da noite. Seguimos a aventura acompanhados de moussaka de berinjela marinada, lâminas de batata e paleta de cordeiro moída. Uma lasanha para ignorantes, mas uma delícia pra gente sensível de paladar apurado. Além dessa beleza, linguini com camarões, aspargos in natura, vinho branco e ervas frescas. Um prato saboroso, mas menos expressivo que a moussaka do amigo Timm. Não sei se fui regado de algum tropeço na cozinha, mas senti uma leve desconexão entre discurso e realidade, no entanto, não me senti lesado pela experiência. Pra finalizar, bem-casado com sorvete e cheese-cake com calda de amora. Bom, bom, bom.
Diria que tive uma noite a ser levada a sério enquanto registro gastronômico do Da Boca Pra Dentro, ainda mais, depois de amaciar minhas percepções com um bom chardonnay que, apesar de novo, mandou bem na composição da noite.
Saímos de lá mergulhados no melhor papo pra um jantar de meio de semana, que representa a fuga de mentes cansadas e inquietas pela oportunidade de viver. O que posso dizer, é que não devemos, como diz meu amigo Timm, dar muita margem à procrastinação. Vamos tratar de aproveitar a vida, antes que o tempo passe.
E.A.T. Casual Food fica na rua Pedroso Alvarenga, 1026, no Itaim. Dá um pulo lá e aproveita o menu especial de carpaccios. Gostei da proposta.
domingo, 1 de março de 2009
Um mergulho com Vane
Tudo bem. Acabamos fazendo uma espécie de pique-nique numa das mesinhas do mercado, com alcachofras, cogumelos e alhos em conservas deliciosas, pasta de berinjela, pães finíssimos e crocantes e, para acompanhar, um suco de carambolas frescas pra lá de saboroso.
A Érica, namorada da Vane, precisava deixar alguns ingredientes em casa, então, saímos de carro pelo centro e ficamos dando voltas pra ver a cidade, que tava linda com a luz do final da tarde. Acabamos na Liberdade, andando pelas ruas e entrando naqueles mercadinhos cheios de tudo quanto é coisa que a gente não conhece. Tinha esquecido de como é bom mergulhar num mundo que não é seu e começar aprender com as dicas mal ditas pelas imigrantes de lá.
“Esse é tempelo. Calne, bom, bom na calne. E esse? Non non, esse não sel tempelo... Eu sei, mas o que é isso? Non é tempelo...”
A experiência em si é um barato. Você se diverte, descobre coisas novas, compra ingredientes bem mais em conta, dependendo em qual mercadinho entrar, e viaja nos costumes do povo de lá. Isso me rendeu uma sopa de cogumelos que comprei empacotada, daquelas embalagens de plástico com um monte de cogumelos desidratados, bolinhas e pedacinhos de plantas que você jamais viu na vida. Decidi fazer essa sopa para o jantar de segunda. Aquilo deve ter fervido por umas 3 ou 4 horas, mas os ditos cogumelos não amaciavam nunca! No fim, consegui um caldo saboroso, mas minha fome e falta de paciência em esperar mais, me fez mastigar os talos fibrosos de aparência demoníaca daqueles cogumelos. Sobrou, mas decidi não comer o resto, pra não tirar a mágica da “experiência única”.
Enfim, voltando pro eixo da história, acabamos no meu apartamento esperando a Érica chegar, abrimos um vinho e fiz uma vestimenta nela com um lençol - como aqueles saiotes amarrados dos indianos - e ficamos batendo papo e bebendo sem camisa. A Érica chegou e tomou um susto vendo a Vane sem camisa por trás da bancada. Parecia pelada. Aproveitamos e fizemos um belo ensaio de fotos, que estão servindo como base de algumas pinturas e desenhos que estou fazendo. Pra jantar, preparei um espaguete de abobrinha e cenoura (os legumes são cortados como espaguete, não tem massa essa receita) com shitakes tostados e molho à base de azeite e louro. Ficou bom, mas considero uma receita que precisa ser lapidada. De qualquer forma, caprichei na decoração, fazendo uma torrezinha circular com cogumelos inteiros e mini pimentas em conserva, dispostos em um belo prato branco quadrado. Bebemos duas garrafas de carmenére e deixamos a noite se tornar um registro da nossa juventude. Foi divertida, estimulante e profunda. Um daqueles encontros que jamais sai da memória.
As formas de Vane inspiraram a nova tela inacabada.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Carlota na minha sexta
Na última sexta, uma dica me encheu de entusiasmo me colocando de frente com o restaurante Carlota, um lugar pra lá de agradável, numa casa estilozíssima que eu sonharia morar. Parte do jantar serviu para imaginar minhas telas, minha parafernália artística e minha vida lá dentro, envolvidas pela atmosfera dourada insubstituível do lugar. Sempre digo, a luz é essencial na composição de qualquer ambiente. E eles acertaram por lá. Gostei mesmo.
A comida foi uma boa surpresa, pedi um linguado grelhado servido com molho cremoso de limão siciliano, cogumelos sauté e purê de batatas. Suave, bem executado e delicioso. Jonny pediu um gnocchi de ricota com ervas e azeite de trufas em leito de cogumelos e rúcula. Um prato delicado e saboroso, que eu me atreveria em indicar como uma saída sofisticada para jantares de verão, mesmo vivendo o fim dos dias quentes.
De sobremesa, soufflê de goiabada com calda de catupiri. Me pareceu estranho o catupiri no meio daquela descrição. Sendo bem sincero, o fato de eu ter certo preconceito com catupiri me fez olhar praquele prato com alguma desconfiança, no entanto, fiquei tomado pela curiosidade de ver qual era a proposta daquela combinação. Sem dúvidas, uma remasterização bem-sucedida do bom e velho Romeu e Julieta. Segundo os garçons, é um clássico que nasceu com a Carlota.
Ao meio de papos e tônicas, caímos na real de que, mesmo com a crise e todas as picuínhas da nossa rotina, não podemos deixar de viver esse tipo de experiência, que estimula, conforta e compensa qualquer coisa que pode nos chatear. Pode não ser um salvamento, mas se trata de uma boa bóia.
Um experimento: narrativa de comida e grafismos pra acompanhar. Decidi colocar a mão na massa e fazer diferente hoje.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Bahia: fiascos e glória no mesmo barco
Conversando com a dona da aldeia onde ficamos, entendi que havia uma cumplicidade "admirável" entre os moradores, que trataram de vender ingredientes bons apenas para os restaurantes, para que se criasse um ciclo de consumo que ajudaria a todos os cidadãos locais. Depois de muitos dias esperando cerca de 2 horas por refeição, acabamos descobrindo uma maneira de "burlar" a regra que nos impedia de fazer qualquer coisa mais elaborada que sanduíches quentes e omeletes. Algumas garotas faziam a limpeza diária de todas as cabanas da aldeia e foram elas, moradoras locais, que acabaram salvando a pátria.
Naquele momento, uma luz pairou sobre nós e voltamos a sonhar com um grande jantar de final de ano. Conversamos com uma das meninas e chegamos num acordo pra que ela fosse até a cidade vizinha e conseguisse alguns ingredientes pra gente. Passamos um tempo na praia e, quando voltamos, um grande peixe cavala nos esperava acompanhado de salsa, cebolinha, tomates decentes, cebolas novas, batatas, ostras e mais uma sacolada de outros ingredientes. Quase caímos de joelhos em prantos com os braços pro céu. O sentimento era de gra-ti-dão!
Então, Bam-bam (grande amigo escudeiro da cozinha) e eu, tratamos de começar toda a função do jantar. Ele se responsabilizou pela moqueca de ostras, acompanhada de bananas da terra, pirão e arroz (foi isso mesmo, hermano? Me ajuda, pois a bebida me roubou a lembrança...), enquanto eu tratei de enfrentar o peixe e os legumes. Não tinha muita idéia de como preparar, pois não havia uma infra-estrutura que permitisse um mundo de possibilidades, o que me fez preparar o primeiro peixe assado na brasa, envolto de folha de bananeira e acomodado sobre telhas no fogo.
Fiz alguns cortes na pele do peixe e temperei com muito alho - eu disse muuuito alho -, salsa, cebolinha picada, sal grosso, pimenta e uma chuva de saquê. Deixei o peixe marinando durante um bom tempo e, enquanto isso, preparei duas formas cheias de legumes cortados à grosso modo, regados de muito azeite extra-virgem e sal grosso. Eram batatas, pimentões e cebolas em harmonia no meio de uma estética nada boa. Mais tarde, ao entardecer, fiz o fogo a meu modo (leia-se: sem técnica nenhuma) e coloquei o peixe envelopado nas folhas de bananeira sobre as telhas pra assar. Já os legumes, seguiram um caminho pouco seguro rumo ao forno precário do fogão da cabana.
No fim das contas, em meio a bebedeiras, fumaças das mais variadas espécies (lembrem, havia fogo lá!) e risadas altas, acabamos nos deparando com um jantar delicioso, cheio de gente boa reunida em torno de uma mesa bem decorada com folhas de bananeira, castiçais improvisados e flores. Digno de um orixá! Terminamos o jantar já bem altos e fomos rumo à praia onde ia rolar a festa de ano novo. Passamos a virada no meio do caminho, à beira-mar, abaixo do céu mais maravilhoso que qualquer astronauta possa imaginar. Quando chegamos na festa, tratei de ir logo ao bar. Algo me dizia que eu não duraria muito tempo. Dito e feito. Tava tão cansado de preparar a comida, correr atrás de telhas e tudo mais, que entortei a caneca e, em menos de duas horas, tava dormindo debaixo de uma árvore em meio à uma multidão de gente louca e animada.
Acordei descabelado com a ajuda de amigos, que também não estavam no seu melhor estado. "Xiiiii, hora de voltar pra casa, mais duas praias pela frente pra andar...". Deus me deu um peteleco na orelha ou não sei, mas fui tomado por uma energia arrebatadora, que me fez ir até em casa chutando água, dançando pro mar, saltitando e virando piada da multidão que seguia acabada pra casa. Terminei o evento com meia dúzia de lembranças, uma contusão no pé de ter chutado um monte de areia e muita risada das histórias que surgiram na roda de amigos que se formou logo em seguida que todo mundo acordou. Foi um amontoado de pequenos desastres, mas que resultou em um final de ano pra lá de bom! O que me fez acreditar ainda mais que o imperfeito é o melhor ingrediente pra se viver algo inesquecível.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Gafe e nudismo no Sofitel Salvador
A lagosta chegou, mas frita e amarga acompanhada da apatia da mousseline mal preparada. Pedi a segunda taça, dei duas garfadas, chamei o garçon e devolvi o prato com um discurso sincero a ponto do chef ser chamado para falar comigo sobre o preparo. Eles foram gentis e me ofereceram outro prato, porém, meu apetite já havia desaparecido e eu montava na vontade de dar uma nadada naquela piscina.
Voltei para o quarto, coloquei a sunga e andei semi nú pelo hotel lá pela 1h e tanto da matina. Cheguei na piscina e todas as luzes desligadas. Um breu! Não dava pra ver nada. Não tive coragem de nadar naquela escuridão, me bateu um cagaço e fui pedir para que um funcionário do hotel acendesse alguma luz pra mim.
_ Não dá, senhor.
_ Por que não?
_ Hum... eu já ligo pro senhor.
_ Obrigado.
Um neon azul no fundo da piscina se acendeu e ao me ver sozinho por lá, arranquei toda a roupa e pulei pelado na água. Explorei toda a piscina e fiquei relaxando na água, levando um tempo pra me dar conta que nadava de frente para uma série de janelas. Nadei mais um pouco, saí e me espreguicei antes de me secar. Voltei pro quarto dando risada pela possível platéia do meu espetáculo aquático.
Sem pilhas, fui obrigado a buscar uma imagem da dita piscina na internet. Sim, foram nessas águas que expus minha nudez ao cosmos. Uhú!
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Mastigadas na Bahia
Embarquei dois dias depois da turma para encontrar sete amigos nas cabanas que alugamos no meio de uma “aldeia” bastante peculiar. Roots de verdade, mas com uma biblioteca super interessante no meio daquela mata à beira-mar. Na mala, duas garrafas de espumante e outra de azeite de oliva extra virgem para garantir a boa comida, além de livros, cadernos e canetas de todos os tipos.
Essa viagem me colocou de frente com novos sabores e tornou a comida um ritual de paciência, diversão e pileques vespertinos. Siriguela seria um xingão se eu não tivesse provado essa fruta por lá, do mesmo jeito que me surpreendi com o sabor dos sorvetes caseiros de mangaba, banana e cajú da pousada do suíço, sem contar o vinagrete de polvo super tenro e os acarajés das baianas tranqüilas na beira da praia.
Foi tão divertido que me rendeu histórias que serão tema das próximas postagens.
Junte seu povo, façam comida juntos, viajem, bebam seus drinks, olhe pro lado e puxe assunto, descubra o que você tem em comum com o mundo e não tem outro jeito senão vivendo. Resumindo, arrume história pra contar. É o tipo de coisa que te marca pra sempre.